terça-feira, 23 de setembro de 2008

ABASTECIMENTO DE ÁGUA NO RECIFE É CARACTERIZADO PELA FALTA

O que antes era “privilégio” do sertão pernambucano agora bate a porta da Região Metropolitana do Recife (RMR), a falta de águas, representada pelo mal abastecimento. Esse é um dois dos graves problemas que nos aguardam, sendo o outro a falta de ar puro. Mas, particularmente na Região Nordeste do nosso país, o que mais se houve falar é a falta de água potável.

Fortaleza foi a primeira capital nordestina a entrar na crise da falta de água. Foi feita uma intervenção de emergência, com a construção de um canal, resolvendo o grave problema. Já em Recife, a falta de água já perdura há vários anos. Entram e saem políticos, sejam eles presidentes, governadores ou prefeito, e nada muda.

Desde o ano passado, sobre o governo de Eduardo Campos, são muitos os investimentos que vêm sendo anunciados, diversos projetos direcionados ao melhoramento do abastecimento de água no Recife e em Pernambuco. Tudo isso para, segundo o Governo do Estado, atingir a meta de garantir o abastecimento de água em cada canto do Estado até 2014.

Enquanto isso não acontece, histórias as de moradores do UR-11, bairro do Ibura, Jaboatão dos Guararapes, se repetem. "Passamos de dez a 15 dias sem receber água. Muitas vezes temos que recorrer a água da chuva, que coletamos e usamos para lavar roupa, por exemplo. Tiveram dias que precisamos até tomar banho com ela. Não tínhamos outra alternativa. Além disso, quando temos água, ela é imprópria para o consumo, pois vem com uma substância vermelha e têm mau cheiro", contou a dona de casa Joselma Ferreira da Silva, de 45 anos, moradora do bairro há 30 anos.

Mas para alcançar a tão esperada meta devem ser investidos R$ 10 bilhões, em parceria com a Secretaria de Recursos Hídricos (SRH). Segundo a população, esse é um fato recorrente no bairro e há 20 anos vem se arrastando. "Aqueles que têm condições de pagar, compram carros-pipa, outros furam um poço. Tem muitos que saem de suas casas e vão até uma fonte de água a dois quilômetros daqui. Na falta de estrutura, acabamos arrumando condições", denunciou Adson da Costa Calado, 52 anos.

Segundo a Compesa, o abastecimento nessa área é realmente precário e a distribuição acontece no período médio de seis horas com água, após um intervalo de seis dias sem. Vários fatores contribuem para esse quadro, um deles é que não existe uma fonte de recursos hídricos próxima ao bairro que possa ser canalizada até a área. O outro é o aumento da população para uma mesma quantidade de água, além da localização geográfica da comunidade.

Diversos são os bairros da Região Metropolitana do Recife (RMR) que vivem a mesma realidade. Essa falta de água nos reservatórios da empresa distribuidora conduz a procura de fontes alternativas, uma delas, o subsolo, tornando-o cada vez mais difícil de encontrar esse líquido tão importância para nossa sobrevivência.

A sociedade não tem como hábito a preservação dos cursos de água. Sendo assim, a água subterrânea pode apresentar compostos ou elementos em quantidade danosa para o consumo humano. Substâncias químicas como pesticidas, usados na agricultura, ou ferro entre outros, podem aparecer em quantidade aparentemente pequena mas que é extremamente prejudicial à saúde humana.

Quando a água é utilizada para a fabricação de medicamentos ou tratamento da saúde humana, a descontaminação torna-se um processo vital. A falta desse cuidado pode causar tragédias como a que atingiu Caruaru, provocando diversas mortes de muitos pacientes, em um hospital privado da cidade, no tratamento de hemodiálise.

SOLUÇÕES
E, um dos diversos projetos que se propõe a modificar a escassez de água, é a construção do Sistema Pirapama. Um projeto de R$ 430 milhões que tem a previsão para conclusão em 2010. Além disso, outros programas de eficientização do abastecimento e iniciativas na construção de sistemas adutores, além da elaboração de um plano de educação ambiental que visa o bom uso da água, serão desenvolvidos. Irão ser feitos, também, investimentos na saúde e qualidade de vida dos pernambucanos com a realização do esgotamento sanitário em todo o território.

O secretário executivo de Recursos Hídricos (SRH), José Almir concorda com as dificuldades que os pernambucanos em geral têm com relação ao abastecimento. Segundo o secretário há muita coisa a fazer. "O Estado tem uma das situações mais deficitárias do País resultante de questões físicas, ligadas tanto aos canos furados, quanto as ligações clandestinas. Mas nossas ações são diversas. Trabalhamos para modificar esse cenário. É um trabalho grande, feito gradativamente", explicou. Ainda segundo o secretário, as dificuldades no abastecimento hídrico acontece por conta da região semi-árida, por ser uma região populosa e com pouca água. E a maior parte da água existente é de má qualidade.

Escrito por Danúbia Julião

Um comentário:

Luiz Pinto disse...

Boa pauta e texto.
Nota: 8,0